Desde a sua génese que a Feira Nacional de Artesanato tem procurado criar eventos paralelos à exposição do melhor das artes tradicionais portuguesas, não só como forma de dinamizar o evento e atrair maior número de visitantes, mas também para assegurar que o futuro do artesanato nacional há-de cruzar-se com a modernidade dos novos tempos.
Sem nunca esquecer a principal motivação para o surgimento da Feira Nacional de Artesanato, a organização do certame dedica sempre especial destaque às Rendas de Bilros que, de resto, são presença constante e assídua no evento. As rendas e as rendilheiras de Vila do Conde estão sempre presentes, quer seja através da representação da Escola de Rendas no recinto ou das rendilheiras que ali trabalham ao vivo, quer através de múltiplas iniciativas, cujo propósito é estimular a produção das rendas de bilros, contribuir para a sua divulgação e homenagear as mulheres vilacondenses que se dedicam à preservação desta arte secular.
Assim surgiu, em 1992, aquando da realização da 15ª Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde, aquele que viria a transformar-se num dos momentos mais emblemáticos do certame: a comemoração do Dia da Rendilheira.
Desde então, no 2º domingo de realização da Feira Nacional de Artesanato, o recinto acolhe a iniciativa que tem por objectivo divulgar a mestria e a destreza das mulheres vilacondenses na arte de entrelaçar os bilros, criando preciosas peças de renda muito apreciadas pela generalidade dos visitantes.
O «Dia da Rendilheira» reúne no mesmo espaço cerca de 200 rendilheiras, trabalhando ao vivo, constituindo um dos momentos mais simbólicos da Feira Nacional de Artesanato, sobretudo, porque as entidades promotoras dedicam particular atenção e carinho na preservação desta arte, considerada o ex-libris do artesanato de Vila do Conde.
Rendas à Volta do Mundo
Em 2002, coincidindo com a 25ª Feira Nacional de Artesanato, as Rendas de Bilros estiveram também em destaque no certame, reunindo rendilheiras dos cinco continentes. Da África (República da África do Sul), Ásia (Índia), América (Brasil e Canadá), Oceânia (Austrália) e Europa (Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, França, Holanda, Hungria, Inglaterra, Itália, Malta, Polónia, República Checa, Rússia e Suíça), vieram à FNA meia centena de rendilheiras juntando-se às mulheres de Vila do Conde.
Uma iniciativa inédita, traduzida num enorme sucesso, onde pela primeira vez se exibiram as artes e técnicas próprias de cada país. O desafio lançado às rendilheiras vilacondenses, convidadas para uma presença constante no recinto da Feira Nacional de Artesanato, foi, no mínimo, estimulante: juntamente com as cerca de 50 rendilheiras estrangeiras, as artesãs locais trabalharam, durante horas a fio, na maior renda de bilros do mundo. Objectivo: conquistar um novo recorde para o Guiness Book.