Noutros tempos, em qualquer aldeia se ouvia o bater do ferro e da chapa na bigorna. Era o ferreiro ou funileiro. Mas, é no Concelho de Penalva do Castelo, nos arredores de Viseu, que se encontram ainda afamados latoeiros, cujos trabalhos são feitos em folha de flandres. Cântaros, funis, lanternas, almotolias ou cataventos são ainda peças utilitárias, mas é pelo seu valor decorativo que esta arte será preservada.

Tradição vs Contemporaneidade

Há muito que o artesanato português, conservando as suas heranças tradicionais, se abriu a novas aventuras, renovando a sua imagem ao encontro de novos públicos e, assim, procurando garantir a própria sobrevivência. Não se trata de competir com os modernos sistemas de produção, mas antes de assegurar a continuidade das artes tradicionais, legado que importa preservar, divulgar e incentivar.

Quando em Vila do Conde se apostou na criação da Feira Nacional de Artesanato, foram dados passos decisivos para a consolidação das pequenas unidades empresariais dedicadas à criação de produtos manufacturados.

O certame decorre num espaço privilegiado, com 11 mil metros quadrados de área, situado no coração da cidade. Hoje, distribuídos por cerca de 270 stands expositores, artesãos de todo o País procuram um lugar na Feira Nacional de Artesanato que, pelo prestígio e qualidade que conquistou, constitui uma excelente oportunidade para o escoamento dos seus trabalhos.

De resto, a organização do certame aposta em rigorosos critérios de selecção, dado o elevado número de interessados em participar no evento. Não se trata apenas de estar representado na “maior e melhor” mostra do género no País, mas também de assegurar presença num certame que, nos últimos anos, tem registado uma média de 400 mil visitantes por edição. Muitos dos artesãos aqui presentes, para além de garantirem o escoamento dos seus produtos, asseguram, de igual modo, várias encomendas, o que lhes permite continuar a laborar ao longo do ano.

A Câmara Municipal de Vila do Conde e Associação para Defesa do Artesanato e Património desde sempre reconheceram a importância de salvaguardar as artes populares portuguesas, criando condições para a sua divulgação e comercialização. Encontraram motivações para justificar essa aposta nos magníficos trabalhos dos artesãos portugueses que, há séculos, moldam, fiam, tecem, pintam ou bordam tesouros únicos e especiais que reflectem a alma da sua terra.

Felizmente, em muitos casos exemplares, as artes tradicionais renovam-se pela mão de designers e artistas plásticos contemporâneos, dando um novo sentido à tradição. Aqui se cruzam, em perfeita harmonia, o saber tradicional com o espírito criativo que sempre caracterizou o nosso povo.