As Rendas de Bilros são um tecido produzido pelo hábil cruzamento de fios, com o auxílio de bilros e alfinetes e tendo como base uma almofada. A sua existência está documentada, desde há séculos, em Portugal. Esta arte, outrora comum em muitos centros ao longo da costa, encontra-se, actualmente, de forma expressiva, em Peniche e, muito especialmente, em Vila do Conde.
Um pouco por todo o País, encontram-se outros tipos de rendas mais comuns, como a renda de agulha, filê e fioleira. A muito difundida e popular arte dos bordados, exige a pré-existência de um tecido. Os da Ilha da Madeira ou de Castelo Branco constituem verdadeiros tesouros. Únicos no mundo são ainda os coloridos lenços dos namorados, muito comuns em todo o Minho, particularmente em Vila Verde. Igual destaque merecem os bordados de Tibaldinho, o crivo de Barcelos, os bordados de Viana e de Guimarães, sem esquecer os bordados típicos da Ilha Madeira.
Tradição vs Contemporaneidade
Há muito que o artesanato português, conservando as suas heranças tradicionais, se abriu a novas aventuras, renovando a sua imagem ao encontro de novos públicos e, assim, procurando garantir a própria sobrevivência. Não se trata de competir com os modernos sistemas de produção, mas antes de assegurar a continuidade das artes tradicionais, legado que importa preservar, divulgar e incentivar.
Quando em Vila do Conde se apostou na criação da Feira Nacional de Artesanato, foram dados passos decisivos para a consolidação das pequenas unidades empresariais dedicadas à criação de produtos manufacturados.
O certame decorre num espaço privilegiado, com 11 mil metros quadrados de área, situado no coração da cidade. Hoje, distribuídos por cerca de 270 stands expositores, artesãos de todo o País procuram um lugar na Feira Nacional de Artesanato que, pelo prestígio e qualidade que conquistou, constitui uma excelente oportunidade para o escoamento dos seus trabalhos.
De resto, a organização do certame aposta em rigorosos critérios de selecção, dado o elevado número de interessados em participar no evento. Não se trata apenas de estar representado na “maior e melhor” mostra do género no País, mas também de assegurar presença num certame que, nos últimos anos, tem registado uma média de 400 mil visitantes por edição. Muitos dos artesãos aqui presentes, para além de garantirem o escoamento dos seus produtos, asseguram, de igual modo, várias encomendas, o que lhes permite continuar a laborar ao longo do ano.
A Câmara Municipal de Vila do Conde e Associação para Defesa do Artesanato e Património desde sempre reconheceram a importância de salvaguardar as artes populares portuguesas, criando condições para a sua divulgação e comercialização. Encontraram motivações para justificar essa aposta nos magníficos trabalhos dos artesãos portugueses que, há séculos, moldam, fiam, tecem, pintam ou bordam tesouros únicos e especiais que reflectem a alma da sua terra.
Felizmente, em muitos casos exemplares, as artes tradicionais renovam-se pela mão de designers e artistas plásticos contemporâneos, dando um novo sentido à tradição. Aqui se cruzam, em perfeita harmonia, o saber tradicional com o espírito criativo que sempre caracterizou o nosso povo.